O nome de Jair Bolsonaro voltou ao centro das atenções neste mês de setembro com a intensificação do processo referente à sua participação na tentativa de golpe de Estado em 2022. O ex-presidente foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal, juntamente com outros sete réus.
Mas será que Bolsonaro realmente irá para a prisão? Veja agora, tudo sobre a condenação, recursos judiciais, inelegibilidade, e o que está previsto para o futuro do ex-presidente.
O contexto da condenação: por que Bolsonaro foi julgado?
Em setembro de 2025, Jair Bolsonaro e mais sete figuras públicas foram condenados pela Primeira Turma do STF por envolvimento direto nos eventos que sugerem uma tentativa de golpe, ainda em 2022. O Ministério Público Federal apresentou provas e pediu punição severa, com penas que incluem prisão fechada, inelegibilidade e indenizações.
A condenação já é definitiva?
Não. A condenação imposta pelo STF ainda permite o uso de recursos judiciais pela defesa de Jair Bolsonaro e dos outros réus. Apenas após o esgotamento dessas etapas é que a decisão se torna definitiva, o chamado “trânsito em julgado“.
Primeiro, será publicado o acórdão—documento com votos e fundamentos dos ministros. Após a publicação, abrem-se prazos para recursos, como os embargos de declaração (em até 5 dias) e embargos infringentes (em até 15 dias, em situações específicas). Cada um desses recursos é analisado cuidadosamente, e só após a rejeição de todos é que o cumprimento da pena começa de fato.
Data de prisão: quando Bolsonaro deve começar a cumprir a pena?
Não existe um prazo exato, pois tudo depende do andamento dos recursos judiciais. O STF determina o início da pena após o julgamento dos recursos, geralmente após os chamados segundos embargos de declaração.
Em condições normais, ninguém é preso imediatamente após a sentença. A defesa pode apresentar todos os recursos permitidos por lei, inclusive questionando pontos obscuros ou contraditórios do julgamento.
O ex-presidente pode ser beneficiado com prisão domiciliar?
Existe a possibilidade de a defesa pleitear para Bolsonaro o cumprimento da pena em regime domiciliar. Argumentos como idade avançada e situação pessoal serão apresentados, especialmente pelo fato de Bolsonaro já estar, desde agosto de 2025, em prisão domiciliar provisória por decisão do ministro Alexandre de Moraes — embora por outro inquérito relacionado a interferência judicial.
Quais são os efeitos práticos da condenação para Bolsonaro?
As consequências vão além da reclusão. A condenação traz consigo penas adicionais, como inelegibilidade, perda de cargos e mandatos, além do pagamento de indenizações por danos morais coletivos. Esses mecanismos funcionam de modo contundente, impedindo, por exemplo, que o ex-presidente seja candidato em eleições futuras, mesmo após o cumprimento da pena.
A Lei da Ficha Limpa se aplica aqui, prolongando a inelegibilidade de Bolsonaro para além de 2030. Ou seja, mesmo ao cumprir sua pena, o ex-presidente continuará fora da disputa eleitoral por mais oito anos, a contar do término da condenação criminal.
Recursos judiciais: quais caminhos ainda restam à defesa?
Após a publicação do acórdão, a defesa pode interpor embargos de declaração apontando obscuridades ou contradições na decisão. Apenas depois deles podem ser apresentados embargos infringentes— estes só são aceitos caso haja divergência de votos relevantes, o que não é o cenário atual, mas a defesa já sinalizou que tentará argumentar a favor desse recurso.
Esses recursos geralmente não alteram o mérito da condenação, mas podem, em alguns casos, revisar penas ou extingui-las por prescrição.
Da sentença ao cumprimento: o que define o local da prisão?
O local onde Bolsonaro cumprirá pena será definido pelo relator do processo, no caso, o ministro Alexandre de Moraes. Essa decisão será baseada em critérios como condição física, idade, risco à integridade e características do delito.
Regimes de pena: fechado, semiaberto ou aberto?
Quem é condenado a mais de oito anos começa obrigatoriamente no regime fechado, cumprindo a pena em unidade prisional. Só com o tempo e bom comportamento pode progredir para regimes mais brandos, como o semiaberto ou aberto. O percentual de pena a ser cumprido para conseguir a progressão varia conforme fatores como primariedade e gravidade do crime.
Multas, indenização e consequências administrativas
Além do tempo de reclusão, Bolsonaro terá de lidar com a cobrança de valores significativos. Foi determinada uma indenização solidária de R$ 30 milhões por danos morais coletivos. Isso significa que qualquer um dos réus pode ser intimado a pagar, cabendo acordo ou divisão posterior entre eles. O valor arrecadado será destinado à reconstituição de bens públicos lesados, conforme determina a legislação sobre ações civis públicas.

Imagem: Agência Brasil
A multa aplicada terá valor atualizado com base no salário-mínimo vigente na data do efetivo cumprimento da pena. Os recursos provenientes dessas multas são encaminhados para fundos de segurança pública e gestão penitenciária.
Perda de cargos e direitos políticos
Outro efeito concreto será a perda imediata de cargos ocupados por parlamentares e servidores federais condenados, assim que não houver mais possibilidade de recurso. O Superior Tribunal Militar, por sua vez, será comunicado caso a condenação envolva militares, avaliando a cassação de posto e patente de oficiais, procedimento que pode excluir Bolsonaro das Forças Armadas definitivamente.
Também está prevista a suspensão dos direitos políticos, tornando Bolsonaro impossibilitado de votar ou ser votado enquanto durar a condenação.
Como o Superior Tribunal Militar entra nessa história?
Após confirmação da condenação, o STF comunica ao Superior Tribunal Militar para que avalie a declaração de indignidade de oficiais das Forças Armadas envolvidos. Caso confirmada, a medida exclui permanentemente o militar condenado do quadro — o que pode atingir não só Bolsonaro, mas também outros nomes entre os réus.
A declaração vale para penas superiores a dois anos e não discute o crime em si, mas a adequação moral dos condenados para seguir nas Forças Armadas. O STM avalia se as penas aplicadas pelo STF justificam a medida.
O que muda para as eleições após a inelegibilidade em 2025?
Com a confirmação da inelegibilidade em 2025, Bolsonaro permanece fora do páreo eleitoral. Isso porque, além da já existente condenação no Tribunal Superior Eleitoral, a decisão do STF amplia o prazo do bloqueio, colocando o ex-presidente numa posição de espectador no cenário político até o final do período indicado.
No Brasil, a inelegibilidade é uma sanção rígida: o político não pode se candidatar, ter cargo público eletivo ou participar ativamente de campanhas até reabilitação judicial — apenas possível após o término do novo prazo.
Progressão de regime e reabilitação: o que esperar?
O tempo para sair do regime fechado dependerá do comportamento de Bolsonaro durante o cumprimento da pena e das regras atuais para progressão. O cálculo considera desde a primariedade à gravidade dos crimes, podendo variar de 16% a 70% da pena cumprida.
Em casos excepcionais, o cumprimento pode ser feito em casa, em prisão domiciliar, sempre sob autorização judicial. Ainda assim, para retomar a plenitude dos direitos políticos, o ex-presidente precisará não só cumprir a pena, mas também aguardar o final do período de inelegibilidade.
Possibilidades para o futuro: Bolsonaro poderá retornar à vida pública?
Mesmo com o esgotamento dos recursos judiciais e o cumprimento da pena, Jair Bolsonaro permanece inelegível até nova avaliação pela Justiça Eleitoral. Apenas após cumprir todo o período de afastamento, é possível analisar um eventual retorno à política. No entanto, o cenário atual é de incerteza, marcado por decisões judiciais e embates entre defesa e acusação.
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Perguntas frequentes
- Bolsonaro pode ser preso imediatamente? Não. O cumprimento da pena depende do trânsito em julgado, ou seja, do esgotamento de todos os recursos permitidos em lei.
- A condenação já torna Bolsonaro inelegível para sempre? Não é definitivo, mas a inegibilidade se estende por oito anos após o fim da pena criminal, e pode ser prolongada se houver novas condenações.
- Se cumprir a pena em prisão domiciliar, há diferença na inelegibilidade? Não. O tipo de regime não altera os prazos de inelegibilidade, já que a lei considera o trânsito em julgado e o término da pena.
- A perda do mandato é imediata após a condenação? A perda ocorre após o fim dos recursos e o trânsito em julgado da sentença condenatória.
- Bens pessoais de Bolsonaro podem ser usados para pagar a indenização? Sim, qualquer um dos réus pode ser executado para quitar o valor determinado pela justiça.
- O prazo de inelegibilidade de Bolsonaro termina quando? O prazo conta a partir do fim do cumprimento da pena e pode ultrapassar 2030.
- Bolsonaro pode recorrer a instâncias internacionais? Sim, após esgotar recursos nacionais, cabe apelação a cortes internacionais, mas sem efeito suspensivo da condenação no Brasil.