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Por que até adultos ainda sentem medo no escuro? Veja a resposta da ciência

by Administrador

Mulher com expressão de medo em ambiente escuro, refletindo o temor do escuro comum até em adultos.

Você já teve aquela sensação de apreensão quando as luzes se apagam? Aquele desconforto súbito que faz seu coração acelerar, mesmo sabendo que está perfeitamente seguro em sua própria casa? Se sim, não está sozinho.

O medo do escuro, tecnicamente conhecido como nictofobia, é um fenômeno que afeta não apenas crianças, mas também uma parcela de adultos. Este sentimento, muitas vezes considerado infantil, tem raízes profundas tanto na biologia quanto na psicologia, e continua a influenciar o comportamento humano mesmo após a infância.

Por que o medo do escuro persiste na vida adulta?

A persistência desse medo na fase adulta pode estar relacionada a diversos fatores. Para muitos, as experiências traumáticas vivenciadas na infância permanecem associadas à escuridão. Situações como ter sido deixado no escuro como forma de castigo, exposição a filmes de terror ou histórias assustadoras relacionadas à escuridão podem criar uma associação negativa duradoura com ambientes escuros.

Além disso, a própria imaginação humana contribui para essa fobia. No escuro, a capacidade visual é reduzida, e o cérebro tende a preencher as lacunas de informação com cenários potencialmente ameaçadores. Como explica a psicóloga Bruna Schmitz, na revista Arco, da Universidade Federal de Santa Maria: “Ao deixarmos de ver o rosto de alguém, ou de poder enxergar o ambiente a nossa volta, o cérebro irá propor diferentes cenários possíveis para que nos preparemos.”

O que a ciência diz sobre o medo no escuro?

Mulher assustada escondendo o rosto na gola do suéter, ilustrando a sensação de medo no escuro.
A sensação de medo mexe com o cérebro.
Imagem: Freepik

Pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália, realizaram um estudo que revelou importantes descobertas sobre como o cérebro reage à ausência de luz. A seção da amígdala, parte do sistema límbico responsável por processar emoções e regular a resposta ao medo, apresenta atividade diferenciada quando somos expostos à luz e à escuridão.

De acordo com os pesquisadores, “a luz, comparada com a escuridão, suprime a atividade na amígdala”. Quando as luzes estão acesas, há maior supressão da atividade da amígdala do que quando está no escuro.

O estudo também demonstrou que a presença de luz fortalece a conexão entre a amígdala e o córtex pré-frontal ventromedial, outra parte do cérebro associada ao controle da sensação de medo.

Isso sugere que a luz pode manter os centros de gerenciamento do medo do cérebro em melhor funcionamento, enquanto a escuridão diminui esse controle.

Possíveis causas biológicas e psicológicas

O medo do escuro tem origens tanto evolutivas quanto psicológicas, sendo um dos mecanismos mais antigos de sobrevivência. Os ancestrais primitivos enfrentavam perigos reais durante a noite, quando predadores poderiam se aproximar sem serem percebidos. Aqueles que desenvolveram cautela na escuridão tinham maiores chances de sobreviver e passar seus genes adiante.

Do ponto de vista neurobiológico, estudos comprovaram que o escuro possui um efeito no cérebro que causa uma resposta de “sobressalto” (startle response). Isso resulta na liberação de substâncias químicas que podem aumentar a percepção de ansiedade. Enquanto muitas pessoas conseguem inibir esses sentimentos, aquelas com nictofobia tendem a amplificá-los, criando níveis extremos de medo.

Uma teoria sobre as causas da nictofobia também sugere que o medo da escuridão é uma resposta à falta de estimulação visual. Quando o indivíduo não consegue enxergar adequadamente, o cérebro entra em estado de alerta, preparando para possíveis ameaças que não pode ser detectada visualmente.

Como lidar com o medo do escuro na vida adulta?

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é considerada uma das abordagens mais eficazes para tratar fobias, incluindo a nictofobia. Esta terapia ajuda as pessoas a identificar e desafiar pensamentos irracionais relacionados à escuridão, substituindo-os por interpretações mais realistas.

Algumas estratégias práticas que podem ajudar incluem:

  • Criar uma frase para reduzir a ansiedade, como “Está escuro, mas estou seguro”, repetindo-a várias vezes quando sentir medo;
  • Praticar exercícios de respiração profunda, que podem ajudar a reduzir crises de ansiedade;
  • Usar a imaginação para criar imagens positivas na escuridão, em vez de focar em pensamentos catastróficos;
  • Estabelecer uma rotina relaxante antes de dormir;
  • Usar luz noturna de baixa intensidade como fase de transição.

Técnicas de relaxamento, como meditação e mindfulness, também podem ajudar a reduzir a ansiedade associada à escuridão. Estas práticas ensinam a pessoa a estar presente no momento e a observar seus pensamentos sem julgamento, reduzindo assim o ciclo de pensamentos ansiosos.

Quando buscar ajuda profissional?

Embora certo desconforto no escuro seja considerado normal, há momentos em que é recomendável procurar ajuda profissional. Se o medo do escuro estiver interferindo em sua vida cotidiana, impedindo-o de realizar atividades normais ou causando sofrimento intenso, é hora de consultar um especialista.

Sinais de que o medo do escuro pode exigir intervenção profissional incluem:

  • Ataques de pânico frequentes quando exposto à escuridão;
  • Insônia crônica devido ao medo;
  • Evitação extrema de situações que envolvam escuridão;
  • Impacto na qualidade de vida social, profissional ou pessoal;
  • Presença de outros sintomas de ansiedade ou depressão.

Um psicólogo ou psiquiatra pode realizar uma avaliação completa e determinar o tratamento mais adequado. Em alguns casos, além da psicoterapia, medicamentos ansiolíticos podem ser prescritos temporariamente para ajudar a controlar os sintomas enquanto as técnicas terapêuticas são aplicadas.

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